Formiga

Ficha técnica

Nome Completo: Miraildes Maciel Mota

Data de Nasc.: 03 de março de 1978

Signo: Peixes

Naturalidade: Soteropolitano

Modalidade: Futebol

Posição: Volante / Meio campo

Altura: 1.62m

Medalhas pela Seleção: 3 ouro, 3 prata e 1 bronze

Mídias sociais

Instagram: https://www.instagram.com/oficial_formiga/

Biografia

Com um grande espirito coletivo, Miraildes conhecida por todos como Formiga, ajudou suas colegas de time a conquistar vários títulos.

Formiga é a única menina numa família de cinco filhos, nasceu em Salvador, mas passou parte de sua adolescência (dos 9 aos 16 anos) em Camaçari no bairro Gleba A. Neste período ela foi criada e treinada no futsal e depois no futebol de campo pela técnica Dilma Mendes.

Recordista de jogos e participações em Olimpíadas e Copa do Mundo pela seleção brasileira (entre homens e mulheres), com 234 partidas oficiais, Miraildes Maciel Mota (Formiga) é a única atleta brasileira de futebol com mais participações em Jogos Olímpicos: sete (de Atlanta 1996 a Tóquio 2021) e sete das oito edições das Copas do Mundo (1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015 e 2019).

Atleta que mais vestiu a camisa da seleção brasileira de futebol entre homens e mulheres, Formiga quebrou outro recorde, desta vez nas Olimpíadas do Japão, como jogadora mais velha a participar do evento, aos 43 anos.

Sua disposição e determinação serviu de inspiração e incentivo para milhares de meninas de todo o Brasil

O inicio

Na infância, Formiga começou a jogar nos campinhos de futebol no subúrbio de Salvador escondida dos irmãos mais velhos que não gostavam que sua única irmã jogasse bola no meio dos outros garotos do bairro do Lobato. Por este motivo ela terminava apanhando, mesmo assim nunca desistia:

"Mas mesmo assim eu continuava. Eu apanhava. No outro dia eu ia lá e jogava de novo, apanhava, engolia o choro e voltava a jogar". Formiga

Foi num desses babas que ela foi vista por Dilma Mendes, ao qual ela chama de “mãe pequeninha”.

“Deus mandou um anjo na minha vida, que foi a Dilma Mendes. Ela me viu jogando num campo de barro e me convidou para jogar no Euroexport da Bahia. Falei que ela tinha que convencer minha mãe, a fera Dona Celeste. Dilma abriu as portas do futebol feminino pra mim”, contou a jogadora em entrevista à CBF TV.

Dilma Mendes contou ao site das Dibradoras sobre a primeira vez que viu Formiga jogando:

“Eu resolvi parar pra assistir. Ela descalça jogando no meio dos meninos, chutando a bola sem nenhum medo. O detalhe do chute, da finta… não era nem tanto a técnica, porque precisava aperfeiçoar isso, mas essa essência da coragem, da menina que estava buscando aquele espaço. Aquilo que a Formiga tinha era só dela, talento puro. Só precisava ser lapidada”.

Isso aconteceu quando a garota tinha 11 anos. Nessa época Dilma ao vê-la quis levá-la para o seu novo time Euroexport Bahia, para poder formá-la como jogadora. Na época Mira, como era conhecida, só queria jogar bola.

De acordo com Dilma, “O que importava pra ela era jogar. Ela treinava de manhã, se deixasse à tarde ia para baba, se deixasse ia pra mais uma baba, depois chutava bola na parede em casa. Ela não tinha essa coisa de: vou jogar na seleção. Ela jogava porque gostava mesmo”.

Formiga descobriu sua paixão pelo futebol logo pequena. Uma amostra dessa paixão era o que ela fazia com as bonecas que ganhava. Ela tirava a cabeça para usar como bola. O padrinho via a cena e logo se convenceu em não dar mais boneca e sim uma bola. Apesar da sua habilidade, desde muito nova Formiga sofreu preconceito mesmo dentro de casa. Nem sua família era mais seu porto seguro, com exceção de sua mãe.

Sua luta por um lugar ao sol, mesmo com as dificuldades, teve uma personagem decisiva, sua mãe Celeste. A mãe de Formiga incentivava a filha a seguir em frente com o seu sonho. Era ela que dava o dinheiro para que pudesse pegar um ônibus e ir à escolinha jogar. Aos 12 anos, Formiga iniciou sua carreira oficialmente em 1994, no futsal pelo Euroexport de Salvador e logo foi para o futebol de campo, tornando-se revelação do Campeonato Baiano. Logo depois, aos 15 anos, foi revelação do Brasileiro, o que levou à sua precoce convocação à Seleção principal aos 16 anos e desde lá não saiu mais.

Com a camisa verde-amarela, Formiga viveu mudanças, quebras de paradigmas e foi fundamental para uma mudança de olhar do país para o futebol disputado entre mulheres.

História do Apelido

Formiga tinha 13 anos e já jogava futebol quando recebeu esse apelido. Na ocasião, um torcedor acompanhou um amistoso da meio-campista e observou que ela era a atleta mais baixa da partida e também a mais trabalhadora, correndo o campo inteiro para ajudar suas companheiras. Sua entrega e capacidade de quase multiplicar-se em campo renderam o apelido conhecido até hoje. Ela fazia todo o trabalho, como uma formiga e assim sua treinadora, Dilma, foi uma das primeiras a chamá-la por esse apelido. 

Aquela garota franzina e magrela que não parava nem um minuto no campo recebeu seu apelido da jogadora Marcia Tafarel, quando a conheceu no Eurosport em 1993.

“Ela tinha talento, habilidade, e uma visão de jogo já aos 14 anos de idade, só precisava ganhar maturidade em campo. E isso ela foi adquirindo com os anos. Eu a apelidei de Formiga Atômica, porque ela corria demais, era uma jogadora que tinha uma vitalidade incrível, mesmo sendo franzina”, afirmou a ex-jogadora ao site da Dibradoras.

Para a treinadora Dilma Mendes o apelido não era difícil de ser explicado.

“Ela jogava de tudo. E se botar no gol, joga também. Se faltasse atleta de alguma posição, podia botar Formiga. Ela corria tanto, fazia tanta loucura. Quando a gente pensava que ia ser gol, chega a Formiga pra tirar. Quando a lateral perdia a bola, quem estava na cobertura? Formiga. Quando era gol nosso, quem tirava a bola de dentro do gol pra recomeçar logo o jogo? Formiga. Então, era uma Formiga, porque ela estava em tudo quanto é lugar”

Essas características a marcou durante toda a carreira, fazendo com que atuasse em todas as edições da modalidade nos Jogos Olímpicos.

Os Jogos

A primeira participação em jogos foi com o futsal em 1994, quando conquistou o título de campeã do Campeonato Brasileiro de Clubes de Futsal, pelo time do Campomar Euroexport de Salvador. Um ano depois, ela disputou o Campeonato Brasileiro de Seleções de Futebol de Campo, onde foi convocada para a Seleção Brasileira.

De acordo com Dilma Mendes, em entrevista a Dibradoras, a ideia era “levá-la para jogar um torneio no Sudeste para que, de lá, nem ela, nem os outros talentos que tinha em mãos precisassem voltar. Isso porque estando no Nordeste, naquela época, era difícil que tivessem alguma chance na seleção.”

Acabou que o time todo foi “importado” para São Paulo e, na capital, fizeram história com o Saad, um dos maiores times de futebol feminino dos anos 1980 e 1990.

Pelo São Paulo atuou no período de 1993-97 e 1999, voltando a atuar em 2021. Com a camisa do tricolor paulista, Formiga disputou 20 jogos, sendo 19 vitórias e um empate, marcando sete gols. Formiga foi campeã Paulista (1997 e 1999) e Brasileira (1997).

Em 1995, com apenas 16 anos, Miraildes Maciel Mota, hoje conhecida como Formiga, recebeu sua primeira convocação para defender a seleção brasileira de futebol feminino na primeira Copa do Mundo, realizada na Suécia, dano início a sua trajetória com a camisa verde-amarela.

Em 1998 atuou na Portuguesa, time da capital paulista, onde seguiu adquirindo experiência ao lado de boas jogadoras do futebol brasileiro. Retornou ao São Paulo em 1999, mas também não ficou muito tempo, quando foi defender as cores do Santa Isabel de Minas Gerais em 2000. A instabilidade do futebol brasileiro feminino impactava na carreira de Formiga, e em nova mudança de clube, desta vez foi para o Santos em 2002. 

Quando se consolidou no futebol brasileiro, inclusive defendendo as cores da Seleção Brasileira, passou a jogar em times do exterior, como Rosengard da Suécia (antigo Malmö), New Jersey Wildcats dos EUA e Quickstrike também dos EUA.

De volta ao Brasil, Formiga atuou pelo SAAD em 2007, jogou no ano seguinte na equipe de Botucatu, onde conquistou o título de Campeão Paulista de 2008. A meio campista retornou aos Estados Unidos em 2009, para jogar pelo FC Gold Pride e depois no Chicago Red Stars em 2010.

Em 2011, foi contratada pelo São José, onde liderou a equipe para bicampeonatos da Copa Libertadores de Futebol Feminino e da Copa do Brasil. Em 2012, atuou na equipe do América do Rio Grande do Norte. Retornando ao São José, ficou de 2013 a 2016. Foi no São José onde Formiga acumulou mais títulos. Ainda em 2016, Formiga voltou a Bahia para atuar no São Francisco do Conde. Neste mesmo ano, após disputar sua sexta Olimpíada, Formiga chegou a se despedir da seleção brasileira e anunciar a aposentadoria. Mas voltou atrás para ajudar no crescimento do futebol feminino e incentivar as novas jogadoras.

Aos 38 anos, Formiga foi anunciada como jogadora do Paris Saint-Germain onde foi capitã da equipe. Em 2021, Formiga realizou sua última partida vestindo a camisa 8 da seleção brasileira.

Formiga se despediu da Seleção Brasileira no dia 25 de novembro de 2021 no Torneio amistoso de Manaus como recordista absoluta de jogos. Em 2022 ela jogou pelo São Paulo e, agora, se aventura no Fut7.

Foram mais de duas décadas de trabalho intensa usando a camisa verde-amarela. Foi um trabalho de formiguinha. E não foi por acaso que na França, onde jogou, ganhou o apelido de ''Formidable'' (formidável). Viu mudanças, quebras de paradigmas e foi fundamental para uma mudança de olhar do país para o futebol disputado entre mulheres.

O legado deixado por Formiga não pode ser traduzido apenas em números, é uma história que motivará para sempre as futuras gerações do futebol.

Ao longo de sua trajetória, Formiga dividiu os gramados com grandes nomes da história do futebol feminino e formou um trio histórico com Marta e Cristiane. 

Participação pela Seleção Brasileira

Sua estreia internacional como reserva, aos 16 anos, na Copa do Mundo de 1995, na Suécia, pela segunda edição do Torneio. Nos Jogos olímpicos de Atlanta em 1996, se tornou titular.

Em 1999, conquistou sua primeira medalha em mundial com a Seleção Brasileira, ficando em terceiro lugar.

A estreia de Formiga em Jogos Pan-Americanos foi em 2003, em Santo Domingo, na República Dominicana. O Brasil venceu as quatro partidas que disputou e conquistou a medalha de ouro.

A volante fez parte do plantel que disputou as Olimpíadas de Atenas, em 2004. A Seleção Feminina chegou à decisão como favorita, mas acabou ficando com a prata em duelo contra os Estados Unidos.

No Maracanã, em 2007, a jogadora conquistou o bicampeonato em Jogos Pan-americanos. Na decisão, o Brasil venceu os Estados Unidos por 5 a 0. O elenco da Amarelinha foi ovacionado pelos 70 mil torcedores presentes no estádio.

Em 2007, ajudou a Seleção a chegar à primeira final de Copa do Mundo de sua história. Disputada na China, a Alemanha foi campeã desta competição e o Brasil ficou com a prata.

Nas olimpíadas de Pequim em 2008, o Brasil perdeu na final contra os Estados Unidos, ficando com a prata.

Em 2015, completou 20 anos defendendo a Seleção Brasileira. Para comemorar, a atleta trocou a eternizada camisa 8 pelo número 20 em partida diante da Argentina. 

Formiga também participou de sete edições da Copa América, levantando a taça seis vezes. Em 2018, contribui para que a Seleção se tornasse heptacampeã do torneio.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 marcaram a sétima, e última, participação da atleta em Olimpíadas.

O dia que desistiu da aposentadoria e foi convocada para Seleção Brasileira

Em dezembro de 2016, a volante Formiga anunciou sua aposentadoria antes de participar do seu último evento de apresentação da chamada Copa Internacional, em Manaus (AM).

O torneio, já tradicional no fim do ano, reuniu as seleções de Brasil, Itália, Costa Rica e Rússia. Foram três rodadas duplas na Arena da Amazônia, realizados nos dias 7, 11 e 14 de dezembro, com a final e a decisão do terceiro lugar marcadas para o dia 18.

Ela se aposentou em grande estilo, com heptacampeonato do Torneio internacional, com uma vitória por 5 a 3 sobre a Itália, e em jogo marcado por homenagens, reverências e muita emoção.

Em 2018, o técnico da seleção brasileira feminina, Osvaldo Alvarez, o Vadão, convocou a veterana Formiga, que desistiu da aposentadoria para voltar a vestir a camisa verde e amarela para participar da Copa América do Chile, que foi disputada no período de 04 e 22 de abril.

Formiga aceitou voltar para a Seleção Brasileira a pedido do técnico Vadão. O técnico Vadão na época deu entrevista ao blog Dona do Campinho afirmando que até o momento, não há uma atleta com característica igual no meio de campo e havia uma dificuldade de recomposição do setor. Para que a vaga no Mundial e Olimpíadas chegue sem sustos, ele pediu que ela estivesse na equipe que irá à Copa América até para que o próximo ciclo não seja prejudicado. Além de que as quatro primeiras equipes garantia vaga nos Jogos Pan-Americanos de Lima de 2019.

O técnico Vadão ainda disse que com a ajuda dela, teria tempo para recompor algumas atletas.

O Jogo de despedida da Seleção

O Torneio Internacional de Futebol Feminino aconteceu no dia 25 de novembro de 2021, na Arena da Amazônia, Manaus – AM, a Seleção Brasileira enfrentou a índia e venceu por 6 x 1. Na época Formiga tinha 43 anos.

Após 26 anos vestindo a camisa 8, Formiga acompanhou do banco o desempenho da nova geração canarinha.  Formiga, a dona da festa, começou no banco. Foram pouco menos de 20 minutos com a volante em campo, que entrou aos 31 do segundo tempo para vivenciar e escrever a última página de uma bela e importante história com a camisa 8 do Brasil. A homenageada entrou em campo após a torcida começar a pedir a presença da volante em campo. Nove minutos depois ela entrou, no lugar de Debinha. Ao sair de campo, Debinha entregou a Formiga a braçadeira de capitã. A partida já estava 5 a 1. E a técnica Pia Sundhage decidiu homenagear a brasileira lançando-a para jogar no ataque. E Formiga, lógico, não fez feio, e ainda ajudou na construção da jogada que deu origem ao sexto gol do Brasil, marcado por Ary. Formiga quase deixou o dela, se não fossem as boas defesas feitas pela goleira da Índia.

Após o apito final, a camisa 8 recebeu o abraço das outras jogadoras de seleção e os aplausos do público. Marta compareceu ao estádio e parabenizou a companheira.

Reprodução: Foto: Thais Magalhães / CBF

O Preconceito

Mulher, Negra, Lésbica, Nordestina. Quatro desafios que ela teve que enfrentar para mostrar seu valor no mundo do esporte.

O primeiro desafio foi provar que mulher também pode sim jogar futebol. E ela enfrentou os irmãos mais velhos, que fazia de tudo para ela não jogar bola nos campos do subúrbio de Salvador.

Em entrevista ao site Terra (2023), Formiga contou que "Desde a minha infância aprendi a lutar, a sobreviver por um sonho, por um desejo a realizar, não só meu, mas também do meu pai, que era um cara que sempre gostou de futebol e gostaria que um dos filhos, ou todos os filhos, na verdade, seguisse a carreira"

Ela não conheceu o pai, pois na época só tinha 8 meses de nascida. Mais sabia do sonho dele de ver seus filhos na carreira de jogador.

Dentre as diversas histórias de preconceito que passou ela lembra de uma, que compartilhou com o site Terra (2023), o ocorrido aconteceu jogando para um time paulista. Formiga “ouviu um diretor dizer que mulher de cabelo curto não tinha espaço no seu clube. Incomodada foi até um salão e falou: "passa a um", referindo-se à máquina de cortar cabelo com um dos pentes mais baixos. 

"O cabelereiro não queria, falou 'oxe, seu cabelo está tão bonito, cabelão enrolado, está da hora', mas eu insisti, cortei mesmo", no dia seguinte, o diretor perguntou o que tinha acontecido. Eu respondi que 'tinha tirado o cabelo no salão e deixado para lavar'. Lógico que ele ficou espantado com aquela atitude, mas não se comenta certos tipos de coisas. Eu ter tomado essa atitude foi um recado para ele", confessa orgulhosa. 

“A situação, como tantas outras, acabou servindo como uma lição. "Tudo que passei me fez entender, mesmo um pouco tarde, que eu tinha uma missão aqui na Terra, que é levantar bandeiras, pular barreiras e enfrentar medos", dispara tão rápida quanto com uma bola no pé.”

Formiga viveu em uma época onde cabelos e aparência estavam ligados. E quem não estavam no “padrão estético feminino” eram julgadas – tanto pela questão racial quanto sexual, e ambos os temas estavam presentes na vida da atleta.

O cabelo, trançado, era motivo de racismo. Já o cabelo raspado, era motivo de homofobia. Formiga passou por ambas situações. Mas ela fazia questão de deixar claro que não se importava, afinal, era livre. 

Em entrevista ao site Dibradoras (2022), Formiga disse que: “Falavam: ‘você tinha que colocar o cabelo grande ou tem que colocar tranças’. Eu fazia o contrário, raspava a cabeça. Eu tenho a minha liberdade, tenho o meu direito de ir e vir e fazer o que eu quiser desde que eu não vá ferir o outro. E eu acho que tudo acontece com respeito. Eu falo com as meninas: quer se expor? Porque não? A gente se sente mais feliz quando se abre.”

E quando ela achava que as coisas teriam mudado. Acontece um retrocesso racial, de injúria racial e dos direitos das pessoas LGBTQI+ em todo mundo, principalmente dentro do futebol.

Em entrevista ao site Dibradoras (2022), Formiga diz que: “Eu abomino totalmente o racismo e qualquer outro tipo de preconceito. Que bom que a gente hoje tem vocês ali. Mas infelizmente muitas coisas não funcionam. Eu acho que deveria melhorar a punição para aquele cidadão que vai ali no estádio agredir o outro. Eu espero realmente que isso acabe, porque somos todos iguais.”

Quanto à sua sexualidade, Formiga é bem direta na sua fala. “Saia do armário”.

Apesar desses desafios Formiga conseguiu superar todos eles com um sorriso no rosto. E ela deixou uma mensagem para todos, em entrevista ao site Dibradoras (2022), “Que muitos e muitas possam viver a sua vida, é libertador se abrir pro mundo e falar: eu sou gay! Não é pecado como muitos dizem ainda, porque amar, toda forma de amor é bem-vinda. Fazendo o bem ao outro, que mal tem? Que possamos viver dessa forma e aquelas pessoas que têm preconceito, que são racistas, que coloquem a consciência no lugar para saber que todos nós, de uma certa forma, somos irmãos, que ninguém leva nada dessa vida não.”

Um dos objetivos de Formiga durante sua carreira foi a preocupação em inspirar outras mulheres, principalmente mulheres negras a acreditarem em seus sonhos.

“Precisamos ter nossa conduta e nosso respeito pelo outro. todos nós temos direitos. Nossa liberdade não tem preço, independentemente das pessoas que venham criticar.”

Com muita luta, esforço e dificuldades, Formiga viveu as piores fases do futebol feminino.

A Nova Fase

Uma das maiores jogadoras brasileira e do mundo, após passar pelo São Paulo Futebol Clube no período de 2021 e 2022, Formiga foi convidada pela Confederação Brasileira de Futebol 7, se juntou a Seleção Brasileira feminina na disputa da Copa do Mundo de Fut7. A competição foi realizado no mês de setembro de 2023, na cidade de Puebla, no México.

Sob a liderança da treinadora Dilma Mendes, o Brasil terminou a competição com a medalha de prata. Perdendo para o México por 3x1.

Seleção Brasileira Feminina de Futebol 7 de 2023

Neste mesmo ano foi comentarista na Copa do Mundo feminina.

Curiosidades e fatos marcantes

A primeira Copa do Mundo da volante brasileira, em 1995, foi também a última como jogadora da atual treinadora do Brasil, a sueca Pia Sundhage. E as duas foram adversárias na primeira fase do Mundial da China! Aos 17 anos, Formiga ficou no banco na estreia da seleção brasileira, que venceu por 1 a 0 a Suécia, gol de Roseli. Pia, então com 35 anos (mais que o dobro da Formiga!), foi titular naquela partida.

Nunca teve uma lesão grave.

Única jogadora a disputar as sete edições do futebol feminino nos Jogos Olímpicos.

Nas Olimpíadas do Rio em 2016, Formiga pensou em se aposentar da seleção Brasileira muitos técnicos e jogadoras concordam que Formiga ter sido “a melhor jogadora do mundo” e deveria, pois, ela é uma jogadora completa entre os homens e mulheres.

Fora de campo, Formiga nunca teve o devido reconhecimento. “Acho que o Brasil ainda deve muito à Formiga. O peso dela é imensurável. Ela deveria encerrar a carreira como melhor do mundo. Infelizmente, acho que o mundo vai ficar devendo a ela essa conquista”, disse Dilma Mendes ao site Dibradoras.

Em 2022, Formiga foi comentarista da Copa do Mundo.

Dados estatísticos da Atleta

Anos de atuação pela Seleção: 26 anos

Total de jogos: 368

Total de gols: 42

Total de jogos por clubes: 134

Total de gols por clubes: 10

Quantidade total de jogos pela Seleção: 234

Vitórias pela Seleção: 152

Derrotas pela Seleção: 47

Empates pela Seleção: 35

Quantidade total de gols pela Seleção: 37

Participações em Copa do mundo: 07 (1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015 e 2019)

Participação nos Jogos Olímpicos: 07

Total de partidas: 158 jogos

Total de partidas em Copa do Mundo: 27 jogos

Em 2015, foi a jogadora mais velha a marcar um gol

Em 2019, foi a jogadora mais velha a entrar em campo

Em 2019, foi a jogadora mais velha a jogar e marcar gol na Liga dos Campeões e Liga da Europa

Clubes em que atuou

Euroexport Bahia (1995),

Saad (1996),

São Paulo (1997),

Portuguesa (1998),

São Paulo (1999),

Santa Isabel (2000-2001),

Santos (2002),

F. C. Rosengard – Suécia (2004-2005),

New Jersey Wildcats - EUA (2006),

Quickstrike Lady Blue - EUA (2007),

Saad (2007),

Botucatu (2008)

FC Gold Pride – EUA (2009)

Chicago Red Stars – EUA (2010)

São José (2011)

América-RN (2012)

São José (2013-2016)

São Francisco do Conde (2016)

PSG – França (2017-2021)

São Paulo (2021 - 2022)

Seleção Brasileira 1995 a 2021

Conquistas

Por Clubes

1997, 1999 – Campeonato Paulista pelo São Paulo

1997 – Taça Brasil de Futebol pelo São Paulo

2008 – Campeonato Paulista pelo Botucatu

2012 – Campeonato Potiguar pelo América de Natal

2011, 2013, 2014 – Copa Libertadores da América pelo São José

2012, 2013 – Copa do Brasil pelo São José

2012, 2014, 2015 – Campeonato Paulista pelo São José

2014 – Mundial de Clubes pelo São José

2017/18 – Copa da França pelo Paris Saint-Germain

2020/21 – Campeonato Francês pelo Paris Saint-Germain

Pela Seleção

Ouro na Copa América nos anos de 1995, 1998, 2003, 2010, 2014, 2018

Participação nas Copas do Mundo 1995, 1999 (bronze), 2003, 2007 (prata), 2011, 2015, 2019

Ouro nos Jogos Pan Americanos de 2003 (Santo Domingos), 2007 (Rio de Janeiro) e 2015 (Toronto), e prata em 2011 (Guadalajara)

Prata nos Jogos Olímpicos de 2004 (Atenas) e 2008 (Pequim)

2010 e 2014 – campeonatos Sul-Americanos

Ouro Sul-Americano (1995, 1998, 2003, 2010, 2014 e 2018).

Títulos pela Seleção Brasileira: Copa das Confederações (2009), Superclássico das Américas (2014 e 2018)

Em 2023, participou da Copa do mundo de Fut7 feminina realizada no México, tornando-se vice-campeã do evento.

Premiações e Homenagens

Em 2015, foi homenageada no Museu do Futebol no projeto Visibilidade para o Futebol Feminino. Apesar de já fazer parte do acervo do museu na Sala Anjos Barrocos, desde sua abertura, em 2008, na Sala das Copas do Mundo, e na Sala Números e Curiosidades. Formiga foi a primeira jogadora, junto com Marta, a integrar a Sala Anjos Barrocos no Museu do Futebol, que até então era exclusiva de jogadores homens.

Em 2016, recebeu a Bola de Prata – destaque no futebol feminino

Em 2018, foi homenageada pelo cartunista Mauricio de Sousa com uma personagem para integrar a Turma da Mônica. Sua personagem fez parte da série "Donas da Rua da História", que reuniu de desenhos que enaltece mulheres importantes que marcaram época.

Em 2021, recebeu a Bola de Ouro

Em 2022, mais precisamente no dia 15 de março, Formiga se tornou-se a primeira mulher a entrar para a Calçada da Fama do Estádio do Mineirão.

Frases de Formiga

“...Ainda tenho objetivos que quero alcançar... Quero contribuir com o futebol feminino, para melhorar o mundo do futebol feminino o máximo que puder.” Em entrevista ao site Athena Women in Sports

“O corpo é minha ferramenta para o meu trabalho” Em entrevista ao site Athena Women in Sports

“Aprendemos a respeitar os espaços uns dos outros, mas nos importamos muito uns com os outros, sempre tentamos elevar o moral das pessoas quando estão tristes.” Em entrevista ao site Athena Women in Sports

“Quanto mais você se esconde, é pior, você mostra para as outras pessoas a sua fraqueza.”

“Para quem quiser ser feliz, é preciso se libertar.”

Para quem sonha com uma vaga na seleção brasileira, Formiga deixa essa dica: “Sair da zona de conforto, buscar o melhor o tempo todo. Hoje, por conta da visibilidade, é muito mais fácil chegar até a Seleção Brasileira. Por isso, é continuar buscando e jamais desistir”.

“O Brasil é um país que mata as suas lendas, seus heróis.”

Fotos

Reprodução: Museu do Esporte


Vídeos

F8rmiga eterna – os Bastidores da Despedida: 


Seleção Brasileira Feminina: Formiga, espelho para futuras gerações:


Obs.: Texto do blog Estrelas Baianas do Esporte
https://estrelasbaianasdoesporte.blogspot.com/2025/02/formiga.html
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Referências:

SPFCOFC Net

https://www.cob.org.br/pt/cob/time-brasil/atletas/miraildes-maciel-mota

https://www.riopreto.sp.gov.br/lenda-do-futebol-feminino-formiga-acompanha-jogos-abertos-em-rio-preto/

https://www.cbf.com.br/selecao-brasileira/noticias/index/formiga-completa-46-anos

https://dibradoras.com.br/2021/11/24/formiga-a-ultima-danca-26-anos-de-selecao-233-jogos-e-um-legado-imensuravel/

https://ge.globo.com/futebol/copa-do-mundo-feminina/noticia/formiga-formidavel-a-incrivel-historia-da-brasileira-que-joga-ha-mais-de-duas-decadas-pela-selecao.ghtml

https://lendasdofutebol.com/jogador/formiga-jogadora/

https://www.ogol.com.br/jogador/formiga/120372/temporada

https://ge.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/formiga-em-oito-atos-conheca-oito-fatos-marcantes-da-carreira-da-agora-ex-volante-da-selecao.ghtml

https://www.gazetaesportiva.com/times/brasil/relembre-a-trajetoria-de-formiga-na-selecao-brasileira/

https://museudofutebol.org.br/crfb/personalidades/594890/

https://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/perfil/formiga/

https://www.terra.com.br/nos/formiga-por-ser-negra-lesbica-e-nordestina-sabia-que-ia-sofrer-preconceito-entao-me-fortaleci,09ba2bbc0cf8953243b3f32ea05c5a97d9xka3o3.html#google_vignette

https://dibradoras.com.br/2022/03/21/lendaria-formiga-levanta-bandeira-contra-racismo-e-homofobia-nossa-liberdade-nao-tem-preco/ 

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